A Revista Veja publicou no último sábado, 16, uma matéria supersensacionalista sobre o que chamaram de "A fase negra de Justin Bieber".
A publicação fala sobre a semana ruim de Bieber em Londres.
A revista publicou fatos não sólidos sobre argumentos que pessoas espalharam e que não foi nada confirmado.
Confira aqui parte do artigo publicado pela revista, as partes em negrito são os "fatos não concretos" e as "inverdades" publicadas:
Desprezado pelo Grammy e pela namorada de dois anos, expulso de uma casa noturna em plena noite de aniversário, vaiado por fãs que cansaram de esperar duas horas por um show em Londres, com vendas e discos em baixa e com uma apresentação cancelada em Lisboa por encalhe de ingressos. Aos 19 anos, Justin Bieber vive o pior momento desde que despontou em 2009 com a música One Time. Sua ascenção foi rápida. Em um ano, ele estourou no ano seguinte com Baby, o maior hit do YouTube até a chegada deGangnam Style, do sul-coreano Psy. A má fase, marcada ainda por mal-estar no palco e o flagra com um cigarro de maconha, põe o cantor numa encruzilhada. De um lado, estão as fãs adolescentes que impulsionaram a sua carreira até aqui e deram ao canadense uma fortuna estimada em 55 milhões de dólares. Elas pedem um perfil mais contido de Bieber. Do outro, um público mais velho que pode gostar das mudanças que o cantor enfrenta e garantir a sua sobrevivência artística daqui em diante. Uma plateia que pode, portanto, ser decisiva — não à toa, já há quem suspeite que o canadense vem dando mostras de rebeldia apenas para fisgar esse grupo.
Para entender como Justin Bieber foi parar nessa situação, é preciso levar em conta dois fatores. Na vida pessoal, ele foi deixado pela primeira namorada, a atriz e cantora Selena Gomez, que acaba de publicar um vídeo no YouTube sobre um “namorado babaca” e tem feito chegar aos sites de fofoca americanos que o acha “infantil” e que agora quer “um homem”. No campo profissional, o cantor ainda é um produto lucrativo, mas sua rentabilidade caiu muito. Como bem lembrou o jornal The New York Times, no ano em que enfim a indústria fotográfica apresentou recuperação, Bieber vendeu menos que muita gente. Seu terceiro e último disco de inéditas,Believe, teve 374.000 cópias vendidas nos Estados Unidos na semana de lançamento, em junho de 2012, e chegou ao topo da Billboard 200, a lista dos 200 mais comprados. O feito perde força quando comparado com marcas como a de Adele, com 730.000 cópias do álbum 21 vendidas em sete dias, quase o dobro de Believe.
No universo digital, a única vez que o canadense emplacou um single entre os dez mais vendidos do mundo foi em 2010, com Babyno 4º lugar, segundo dados do relatório anual da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). No Brasil, a situação do cantor é ainda pior. Até o momento, seu último disco vendeu 32.000 cópias por aqui. Passa longe, muito longe do desempenho do CD My Worlds, um compilado dos dois primeiros discos de estúdio do canadense que vendeu 230.000 cópias desde 2010, quando foi lançado no país.
Outra prova de que Justin Bieber está em baixa é o seu sumiço das capas de revistas. Enquanto no começo de 2010 era difícil não trombar com o popstar nas bancas, no início de 2011 ele havia deixado de ser onipresente. O motivo óbvio era a falta de apelo comercial. A publicação americana especializada em adolescentesTeen Vogue o colocou na capa pela última vez em outubro de 2010, quando teve uma queda de 12% nas vendas. A edição de fevereiro de 2011 da Vanity Fair com ele na capa foi uma das piores vendas da história da revista, com 100.000 exemplares a menos que a média mensal. De lá para cá, nada mudou para Bieber no mercado editorial americano. Sua força diminui à medida que o grupo de fãs amadurece e não se renova e que ele trai, com traços de rebeldia, as que gostam do menino meigo que costumava usar a franja em cima do rosto.
Segundo Maria Belintane Fermiano, pesquisadora e especialista em desenvolvimento humano do laboratório de psicologia da Unicamp, é normal haver ruptura quando o fã deixa de se enxergar no ídolo. “As pessoas se projetam em outras em função de alguma característica que as atrai. O ser humano quer obter sucesso e muitas vezes ele se satisfaz em observar o sucesso do outro como se fosse o dele mesmo. Faz parte da construção da identidade”, diz. Quando a satisfação é dissolvida, os seguidores desistem do ídolo ou entram em uma fase de negação, em que pensam que tudo aquilo de negativo que é falado sobre o seu objeto de admiração é mentira. Basta lembrar o esforço de brasileiros em “provar” que a notícia da traição da atriz Kristen Stewart, flagrada com o cineasta Rupert Sanders quando namorava o ator Robert Pattinson, era falsa: fãs ampliaram fotos para insinuar que eram montagens, mas a própria atriz reconheceu a traição e se desculpou publicamente por ela.
Um caso que representa essa ruptura é o da estudante Thaís Honorato, 15 anos, que o chama com intimidade de “Justin”. A paixão pelo canadense começou quando ela tinha 13 anos. “Eu era super-apaixonada, o Justin sempre me encantou com seu trabalho, com o jeito de cantar. Ele marcou uma fase da minha vida, mas agora mudou. O meu Justin de dois anos atrás não está mais aí. Esse é outro Justin e não era desse que eu era fã”, diz Thaís. “Não acho justo comigo mesma continuar me chamando de belieber se o Justin tão tem mais a delicadeza que tinha.”
Caminho estreito — A ruptura também pode obedecer a uma volatilidade típica do adolescente, quase uma caricatura da cultura de consumo rápido em que ele cresce, ou a uma dinâmica social. “A busca constante por novidade tem a ver com ser aceito, mostrar que é alguém antenado. O jovem contemporâneo troca com mais facilidade de objeto de desejo”, diz a pesquisadora Maria Belintane Fermiano, da Unicamp.
Nesse processo de trocas, que faz parte da construção da identidade do adolescente, a opinião do grupo com que ele se relaciona é relevante. Como conta Alícia Verri, 13 anos, outra a chamar Bieber de Justin. “Eu parei de gostar do Justin no ano passado porque a magia acabou. Minhas amigas não gostavam mais e eu fui excluída por elas. Aos poucos, parei de falar dele e me toquei que não era mais uma belieber”, analisa a garota, que hoje em dia é fã da banda Maroon 5.
Vitória Vinhas, 15 anos, é outro exemplo. Ela se tornou seguidora de Justin aos 12, quando o cantor estava no auge. “No começo, era aquela coisa, todo mundo gostava, depois ficou normal.” Com a “normalização”, outros ídolos puderam desembarcar no computador de Vitória. “Hoje, escuto mais Taylor Swift, One Direction, Usher.”
Seja qual for o caso, a história da música está repleta de histórias de cantores e bandas que foram encostados — junto com bonecas e soldadinhos — por fãs que cresciam e se interessavam por outras canções e atitudes. Bieber que se cuide. Enquanto ele dava “piti” com fotógrafos, ia às redes sociais acusar a imprensa de difamá-lo e se vangloriava do uso de drogas — o baseado virou piada no Saturday Night Live –, novos ídolos surgiam em todos os cantos do planeta. Ídolos mais sorridentes e adequados, ao menos no ponto de vista dos pais, que afinal pagam pelas músicas consumidas pelos adolescentes. Entre 2008 e 2012, ganharam destaque nomes como o da cantora country Taylor Swift, que já produzia música mas era pouco conhecida fora dos Estados Unidos, e o da boyband inglesa One Direction, que hoje ocupa a posição que já foi de Bieber entre os teenagers.
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